3 de out. de 2010

brejo das almas

léguas andei em busca de vãs utopias. lutei contra moinhos de vento. dei murros em ponta de faca. tentei reter o último raio de sol do poente e a última gota de água da chuva. guardei vaga-lumes brilhantes em redomas transparentes. mergulhei os girinos do rio em aquários de vidro. enchi potes de água com giz colorido - quis reter suas cores. acreditei que não desbotariam.

desbotam.

as águas. as roupas no varal. as aquarelas. os olhos desbotam e as fotografias. não venci os moinhos de vento. tenho as mãos machucadas das pontas de faca. o sol não me deu o seu último raio. negou-me a chuva sua última gota. vaga-lumes não fizeram brilhar minha lanterna mágica. e os girinos do rio não se tornaram peixes - viraram sapos.

que ainda hoje coaxam no brejo das almas onde mora a saudade.

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